quinta-feira, 26 de junho de 2014

"100 anos de história: mais que um clube, uma nação" Capítulo 6 - Libertadores de 99 e a Canonização de São Marcos de Palestra Italia

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Entre os anos de 1998 a 2000, o Palmeiras tinha no comando do elenco o grande Luis Felipe Scolari. Nesse período, o Verdão possuía uma equipe técnica e goleadora que sempre jogava com raça. O torcedor palmeirense tinha total simpatia com esse time vencedor, dono de uma garra e vibração necessárias para conquistar um dos títulos mais desejados e importantes da gloriosa história do clube: a Copa Libertadores da América de 1999.
A caminhada Alviverde para vencer o torneio foi árdua, porém nobre e inesquecível, devido à façanha de eliminar o Corinthians pelo caminho. No ano seguinte, os arquirrivais se encontraram novamente e o Verdão pôde ter  o prazer de eliminar os alvinegros mais uma vez, ainda mais com o pênalti de Marcelinho Carioca, que parou nas mãos de Marcos, consagrado naquele dia. Infelizmente, o Verdão não conseguiu continuar na competição e foi eliminado pelo Boca Juniors, que encerraria seu jejum na Libertadores. 
Mas os grandes feitos conquistados pelo glorioso Palmeiras de Felipão deixaram sua marca tanto na história do clube quanto na memória do torcedor, por isso vamos relembrá-los no 6º capítulo da série especial do centenário no blog do Palmeirismo.

Ano sim, ano não, o Verdão é campeão

Após encerrar o jejum de títulos no ano de 1993, o Palmeiras ganhava cerca de um título por ano, tanto que os torcedores diziam que "ano sim, ano não, o Verdão é campeão" como uma forma de brincar com a situação. Mas na verdade era isso mesmo. Depois da chuva de títulos em 93 e 94, o Palmeiras copou o Campeonato Paulista de 96 e por pouco não venceu a Copa do Brasil do mesmo ano, se não fosse pelo vexame de perder em casa para o Cruzeiro. Em 1997 ficou novamente no quase em um título nacional: o Campeonato Brasileiro, vencido pelo Vasco, que na época tinha Edmundo em seu elenco. Já em 1998, o Verdão, que já tinha em seu comando o técnico multicampeão no Grêmio Luis Felipe Scolari, tinha como objetivo continuar a sequência do "ano sim, ano não" e se tornar campeão novamente. Contando com jogadores inteligentes como Alex, Arce e Zinho, um saudoso ataque composto por Paulo Nunes e Oséas e uma defesa inabalável e imponente com Cléber e Roque Júnior, o elenco do Palmeiras era um dos melhores do país.

Esquecendo o vexame

Após a infeliz eliminação para o Cruzeiro em pleno Parque Antárctica em 96, o Palmeiras estava de volta à Copa do Brasil. Ao torcedor palmeirense, era inaceitável o fato de que um time composto por Cafu, Muller, Veloso e Luisão ser eliminado pela equipe mineira que mal possuía grandes nomes no elenco.
No pontapé inicial do torneio, o Palmeiras derrotou o CSA por 1 a 0 e 3 a 0. Na segunda fase, o jogo de volta compensou o empate magro em 1 a 1 diante do Ceará: uma goleada de 6 a 0 para o Verde.
Nas oitavas, derrota de 2 a 1 para o Botafogo no Rio de Janeiro. Em São Paulo, vitória por 1 a 0 e classificação alviverde assegurada pelo critério de gol fora de casa. Nas quartas de final vitória diante do Sport na ida, com placar de 2 a 0. O jogo de volta terminou empatado em 1 a 1. Os empates de 1 a 1 e 2 a 2 diante do Santos na semifinal garantiu o Verdão na decisão devido ao critério do gol fora de casa.
Com isso, a final da Copa do Brasil de 98 seria decidida novamente entre Palmeiras e Cruzeiro. Essa era a chance do Verde se vingar do vexame vivenciado em 96 e tentar colocar uma taça inédita em sua sala de troféus.

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Foto: Reprodução

A vingança

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Foto: Reprodução

Depois da conquista da Copa Libertadores de 97, o Cruzeiro estava a mil maravilhas. Apesar de não possuir mais alguns jogadores importantes do ano anterior, o time ainda contava com um elenco composto por bons nomes, como Ricardinho, Marcelo Djian, Valdir, Elivélton e Marcelo Ramos, goleador da equipe. O Palmeiras, por sua vez, queria a vingança pela derrota de 96. O jogo de ida aconteceu no Mineirão, com vitória cruzeirense por 1 a 0, gol marcado por Fábio Júnior. Na volta, no Morumbi, o Palmeiras precisava vencer por dois gols de diferença se quisesse conquistar um título inédito em sua história. Bem no início do jogo, Paulo Nunes fez o primeiro para o Palmeiras: 1 a 0. Apesar de estar sempre no ataque adversário, a equipe tropeçava na retranca do time mineiro e nas boas defesas do goleiro Paulo César. O jogo estava prestes a ir para a decisão em pênaltis quando Oséas chutou sem ângulo nos minutos finais do segundo tempo e assegurou o título ao Palmeiras. 
E o Morumbi se coloriu de verde e branco! Naquele dia, o Palmeiras venceu pela primeira vez a Copa do Brasil e, de quebra, garantiu sua vaga na cobiçada Copa Libertadores da América de 1999. E só isso estava bom para o ano de 1998? Mas é claro que não!

Foto: Reprodução

A Copa Mercosul

Naquele mesmo ano, o Verdão participou da Copa Mercosul. Com uma campanha impecável, o Palmeiras não se intimidou com nenhum de seus adversários e venceu todos os seis jogos que disputou. Estes a seguir foram os que valem a pena serem destacados, como a goleada de 5 a 0 sobre o Nacional no Uruguai e a vitória por 3 a 0 sobre o Independiente na Argentina. Com a classificação garantida, o Verdão sabia que se vencesse a copa Mercosul, a equipe ficaria ainda mais animada para a tão aguardada Libertadores no ano seguinte.
Destemido, o Palmeiras enfrentou o temido Boca Juniors nas quartas de final do torneio, vencendo o primeiro jogo por 3 a 1, em São Paulo. Em La Bombonera, o empate em 1 a 1 assegurou o Verdão nas semifinais, onde enfrentou o Olimpia, do Paraguai, que perdeu por 2 a 0 no Parque Antártica. Os dois gols foram de Alex. No Paraguai, o gol de Oséas garantiu o Verdão na final, onde novamente se encontraria com o Cruzeiro.
O primeiro jogo da decisão aconteceu no dia 16 de dezembro, no Mineirão, com vitória azul por 2 a 1 com gols de Marcelo Ramos e Fábio Júnior, e com Roque Júnior descontando para o Palmeiras. No dia 26 de dezembro, o Palmeiras venceu o Cruzeiro por 3 a 1 (gols de Cléber, Oséas e Paulo Nunes), forçando uma terceira partida que seria novamente no Parque Antártica (Nesse torneio, a Conmebol e não instituiu o saldo de gols como critério de desempate em seu regulamento). O gol de Arce no segundo tempo definiu o Verdão como campeão da Copa Mercosul,  seu segundo título na temporada e o segundo sobre o Cruzeiro.

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Foto: Reprodução

 Que venha a Libertadores!

No ano seguinte, o Palmeiras deixou totalmente de lado o Brasileirão e o “Paulistinha”, segundo Paulo Nunes, priorizando a Libertadores. Sob o comando do Bigode, ops, de Felipão, que era uma peça chave para conquistar o torneio, a equipe alviverde era um dos favoritos ao título devido ao seu elenco forte, destemido entrosado.
Sem moleza, o Palmeiras teve muito trabalho na segunda fase da Libertadores de 99, encarando adversários fortíssimos, fazendo com que o elenco fosse testado para ver se estavam realmente prontos para serem os donos da América naquele ano. E como estavam, amigos...
Nas oitavas, o adversário era o Vasco, recém campeão. Jogando no Rio, a partida de ida terminou empatada em 1 a 1. Já em São Paulo, o Palmeiras deu um baile e venceu por 4 a 2. Classificado para as quartas, o adversário da vez era ele. Sim, esse mesmo que você está pensando com um pouquinho (ou um montão) de antipatia: o Corinthians.

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Foto: Reprodução

Classificação com direito a canonização de goleiro

Como de costume, o Derby Paulista, agora em uma competição intercontinental, contou com muita catimba, pitadas provocações, um pouco de jogo duro além dos demais ingredientes para dar aquele sabor de partida eliminatória. Depois de dois jogos com uma vitória para cada equipe, ambas por 2 a 0, a classificação seria decidida nas cobranças de pênalti. Foi aí que Marcos, o desconhecido goleiro do Palmeiras, iria ver sua estrela brilhar e receber o merecido termo de Santo. Além de ter muita sorte na na cobrança de Dinei que explodiu na trave, Marcos defendeu a cobrança de Vampeta, garantindo a vitória por 4 a 2, classificando o Verdão para as semifinais. Após a defesa, o goleiro alviverde ajoelhou-se em frente ao gol e apontou para o céu. E foi daí que este simples e sincero gesto perdurou por toda sua carreira. Em seu livro oficial (Nunca Fui Santo, história contada pelo próprio Marcos ao jornalista Mauro Betting), Marcos relata que “para muitos, aquele 12 de maio passou a ser o Dia do São Marcos. Para mim, foi o começo de tudo”.

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Foto: Reprodução

 Uma pedra no caminho

Após o choque de entusiasmo nas quartas, o Palmeiras tinha um duro adversário em seu caminho: o River Plate, da Argentina. Jogando em casa, os hermanos venceram por 1 a 0. Já em São Paulo, o Verdão não se intimidou e venceu a equipe argentina por 3 a 0 (chupa!) e se classificou para a finalíssima da Libertadores.

A final

O adversário da vez era o Deportivo Cali, da Colômbia. Por ter uma melhor campanha, o Palmeiras iria jogar em casa na partida de volta. Em Cali, o primeiro jogo foi marcado pela presença de mais de 37 mil torcedores do Deportivo, o que contribuiu para a vitória da equipe colombiana por 1 a 0, com gol de Bonilla. Na volta, o Palestra Italia estava completamente tomado por palmeirenses que estavam prestes a presenciar um dos marcos da história do clube: a primeira conquista da Libertadores.
 O Palmeiras contava com Marcos, Arce, Júnior Baiano, Roque Júnior, Júnior, César Sampaio, Rogério, Alex, Zinho, Paulo Nunes e Oséas, além de Euller, Evair, Galeano e Cleber no banco de reservas. O Deportivo Cali, por sua vez, não possuía um grande elenco e possuía mais empolgação e empenho do que técnica e habilidade.
O Palmeiras mostrava-se imponente, mas a retranca dos colombianos (que estavam em vantagem) dificultava os donos da casa. Após pressionar até demais, Evair fez o primeiro gol da partida em uma cobrança de pênalti. Cinco minutos depois, o Palestra inteiro quase enfartou: pênalti para o Deportivo convertido por Zapata. Todo mundo já estava temendo uma tragédia, quando Oséas (GRANDE OSÉAS!!!) colocou o Palmeiras novamente na frente no marcador até o fim do jogo. Com este resultado, a decisão seria nos pênaltis.

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ZAPATA PRA FORAAAAA!

Nas cobranças, todo mundo depositou a confiança em Marcos, que vinha dando show nas últimas partidas, mas a torcida se aterrorizou com a falha de Zinho na primeira cobrança alviverde. Do lado do Deportivo, os três primeiros acertaram, assim como os dois seguintes do Verdão. Depois que a cobrança de Bedoya explodiu na trave Rogério e Euller converteram para o Palmeiras, dando mais esperanças ao torcedor alviverde. Os colombianos possuíam a última cobrança e a responsabilidade da decisão estava tanto nas mãos de Marcos quanto nos pés de Zapata. O meia foi para a cobrança, correu... bateu... PRA FORA! E num estrondo ensurdecedor, o Palestra Italia vibrava em uma só voz: É CAMPEÃO! Pela primeira vez, o Palmeiras sagrava-se campeão da Libertadores da América. 

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Derrota angustiante em Tóquio
Com o título da Libertadores, o Palmeiras enfrentaria o Manchester United, que tinha um verdadeiro esquadrão como elenco, com jogadores ilustres, como Giggs, Scholes, Roy Keane, Beckham, Solskaer, Yorke, Neville e Stam. O Palmeiras se portou de maneira irreconhecível. Extremamente nervoso, o time não chegava nem perto do que a torcida estava acostumada a ver. Em uma falha de Marcos, a equipe perdeu por 1 a 0, gol de Keane, vendo o título mundial ir ladeira abaixo.

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A defesa que foi quase mais comemorada que um título

Em 2000, o Palmeiras estava novamente na Libertadores. Após todo o processo eliminatório, o Alviverde se encontraria de novo com o Corinthians na competição, dessa vez na semifinal. No jogo de ida, o Corinthians venceu por 4 a 3. Na volta, duas viradas e vitória alviverde por 3 a 2, e a decisão iria para os pênaltis como em 99. Nas cobranças, todos deram show e converteram até o marcador ficar em 5 a 4 para o Palmeiras. A última cobrança era de Marcelinho Carioca, a estrela dos alvinegros. Se ele acertasse, cobranças alternadas. Se errasse, Palmeiras classificado. E aí que aconteceu o que todo palmeirense ADORA relembrar: Marcelinho na cobrança... partiu, bateu... DEEEEEEEEEEEEEFENDEEEEEEEEEEU MAAAAAAAAAAAARCOS!

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Uma defesa que foi mais comemorada que um gol. Uma defesa que tornou aquela disputa um feito épico, uma lembrança inesquecível ao torcedor palmeirense que, sem sombra de dúvidas, era o ser mais feliz de todo o universo no dia 6 de junho de 2000. Após o empate por 2 a 2 em La Bombonera, a derrota diante do Boca Juniors por 4 a 2 na partida decisiva pareceu não ter surtido efeito negativo nos palmeirenses. A vitória diante do rival na partida anterior foi muito comemorada.

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Bônus

Vídeo: Melhores momentos da final da Copa do Brasil de 1998 - Conquista do título inédito do Verdão




Vídeo: Melhores momentos da final entre Palmeiras e Deportivo Cali na Copa Libertadores da América de 1999.




Vídeo: Melhores momentos da partida entre Palmeiras e Corinthians na semifinal da Libertadores da América de 2000.



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