sábado, 26 de abril de 2014

"100 anos de história: mais que um clube, uma nação" Capítulo 4 - A Academia de Futebol, Anos 60 e 70 e primeiros títulos nacionais

__________________________________________________________________________________________________
Após o maravilhoso ano de 1951, ano da conquista da Copa Rio, também conhecida como Torneio Internacional de Clubes Campeões, o Palmeiras amargou uma fila de oito anos sem comemorar um título sequer. Como se isso não bastasse, o Verdão foi obrigado a ver seus rivais Corinthians, Santos e São Paulo se revezarem nas conquistas entre 1951 e 1958, o que frustrou tanto a torcida quanto os jogadores alviverdes. Mas o cenário estava prestes a mudar para o time do Parque Antárctica.

16528-700x0

O pontapé inicial

Em 1959, Oswaldo Brandão, este considerado um dos maiores técnicos do futebol brasileiro de todos os tempos, estava no comando da equipe alviverde e, reformulando o elenco, deu uma cara nova ao time, que seria capaz de brigar por títulos e colocar o Palmeiras em seu devido lugar: sendo campeão.
Com a venda de Mazzola para o Milan, da Itália, os cofres palmeirenses renderam um bom dinheiro, o que possibilitou a compra de jogadores como Ênio Andrade, Zequinha e Valdir de Morais, além de garantir o retorno de Julinho Botelho, que estava atuando na Fiorentina-ITA após uma belíssima temporada na Portuguesa nos anos 50. Com grandes contratações e uma ótima base composta por Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina, Scotto e Chinesinho, o Palmeiras teve uma brilhante campanha no campeonato estadual, onde terminou com 67 pontos, o mesmo número de pontos que o Santos. Para saber quem seria o grande campeão, a final seria disputada em um “melhor de quatro pontos”, onde os jogos aconteceriam no estádio do Pacaembu.
Em um empate em 1 a 1, Zequinha marcou para o Palmeiras e Pelé para o Santos no primeiro jogo. Na segunda partida, ocorreu mais um empate, mas dessa vez o placar foi de 2 a 2 (Getúlio, contra e Chinesinho marcaram para o Palmeiras). Já no terceiro jogo, o esquadrão Verde mostrou sua força. Dominando a maior parte da partida, a equipe palmeirense não se intimidou com o gol marcado por Pelé aos 14 minutos do primeiro tempo e correu atrás da virada, empatando aos 43 minutos com Julinho, e ampliando com Romeiro, aos três minutos da etapa complementar. O resultado sagrou o Palmeiras como Campeão Paulista de 1959 em cima do Santos de Pelé e de quebra deu fim ao jejum de oito anos sem títulos. E neste feito se dava início a um período histórico: o surgimento da Academia.



Debutante, Palmeiras conquista seu primeiro título nacional

18975-700x0Depois de conquistar o título estadual de 1959, o Palmeiras só foi retornar ao posto de campeão do estado em 1963 por conta do Santos, que conquistou o tricampeonato no período de 1960 a 1962. Nesse período, o foco do time alviverde foi voltado para a Taça Brasil, que era o principal torneio nacional da época. Estreando nas semifinais, o Verdão enfrentou o Fluminense. No jogo de ida, realizado no Pacaembu, o placar terminou zerado e acabou levando a decisão da vaga para o Maracanã. A vitória foi do Verde, com gol salvador de Humberto aos 44 minutos do segundo tempo.
No jogo da decisão, a primeira partida ocorreu no Ceará, mas a vitória foi do time paulista por 3 a 1, onde os gols foram marcados por Romeiro, duas vezes, e Humberto. O segundo jogo aconteceu no Pacaembu com a presença de 40 mil torcedores e contou com uma goleada Alviverde. O placar final foi de 8 a 2. Do lado do Palmeiras, Chinesinho e Cruz marcaram duas vezes e Humberto, Zequinha, Romeiro e Julinho Botelho fizeram um gol cada. Com isso, o Palmeiras sagrava-se campeão nacional pela primeira vez na sua história e, de quebra, tornava-se o primeiro clube do estado de São Paulo a conseguir este feito. O título nacional também garantiu ao time do Parque Antárctica sua vaga na Copa Libertadores da América de 1961.

Divino e Dudu chegam para somar

Depois de ficar no banco de reservas por várias vezes, um meio-campista jovem e talentoso se integrou aos titulares do time em 1963, o que reforçou ainda mais o status da famosa Academia. Neste ano, o Palmeiras conseguiu interromper a busca do Santos de Pelé pelo tetracampeonato paulista, sagrando-se campeão estadual na vitória por 3 a 0 diante do Noroeste no segundo turno da competição e com uma certa tranquilidade. No correr do tempo, Ademir da Guia iria desabrochar suas virtudes e qualidades que levaria consigo até o fim de sua carreira. Contrário às corridas intensas, o jogador preferia ir de acordo com seu próprio ritmo, em passadas largas e dominando a bola com uma agilidade incomparável.
No ano de 1964, o clube novamente movimentou os cofres e vendeu Vavá. O dinheiro adquirido com a venda possibilitou a vinda de mais jogadores, dentre eles um da Ferroviária, que daria mais força ao elenco. Dudu, meio-campista, era o pedaço que faltava para que a Academia se consagrasse definitivamente e Ademir enfim encontrasse seu companheiro. Essa parceria daria ao Divino a liberdade para ir ao ataque e criar mais jogadas. A dupla Dudu e Divino teve a duração de 13 anos, além de muitos títulos e taças levantadas.

Palmeiras é Brasil

Em 1965, o Brasil foi representado por atletas que jogavam em um único time: Palmeiras. O time alviverde foi convidado pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual CBF) a representar o país neste dia devido ao grande destaque da Academia de Futebol. Trocando as camisas verdes pelas amarelas, o batalhão da Academia enfrentou o Uruguai em um amistoso comemorando a inauguração do Mineirão e venceu a partida por 3 a 0, com gols de Rinaldo, Tupãzinho e Germano. Este feito deixou a torcida palmeirense demasiadamente orgulhosa e até hoje a tal façanha é lembrada.
Além de representar o Brasil, o Alviverde também teve inúmeros destaques naquele ano, tendo vitórias massacrantes no Torneio Rio-SP, como diante do Vasco, onde venceu por 4 a 1 em pleno Maracanã; a goleada por 7 a 1 no time reserva do Santos também entra na lista, assim como a vitória por 4 a 1 sobre o Flamengo e 5 a 3 diante do Botafogo, ambos no Maracanã; a vitória sobre o São Paulo por 5 a 0 e o Botafogo por 3 a 0, no Pacaembu.
Com um time entrosado, o Palmeiras se destacou e, como foi campeão dos dois turnos, não precisou disputar uma final para conquistar o torneio daquele ano, tendo uma campanha com 12 vitórias, três empates e apenas uma derrota em 16 jogos, com 49 gols marcados e 20 sofridos. Por conta das belíssimas atuações no Maracanã, o Palmeiras teve a proeza de fazer o estádio ser apelidado de “Recreio dos Periquitos”, fazendo alusão ao mascote palmeirense.

Títulos expressivos da época

17573_20101221191126No período de 1966 a 1969, o Palmeiras deu início a uma invejável coleção de títulos que tornou o clube um dos que mais levantaram taças no país. O pontapé inicial desta coleção veio no ano de 1966, onde o Alviverde interrompeu uma sequência do Santos e copou o Campeonato Paulista em uma partida diante do Comercial, com placar final de 5 a 1.
Já em 1967, o Palmeiras conquistou dois títulos nacionais. Com uma belíssima campanha no Torneio Roberto Gomes Pedrosa (tipo um Brasileirão da época), o Alviverde liderou o seu grupo na primeira fase com sete vitórias, cinco empates e somente uma derrota em 14 jogos disputados, tendo 30 gols marcados e 21 sofridos. E na fase final não foi diferente: o time jogou seis partidas e não perdeu nenhuma delas. Fora de casa, venceu o Internacional por 2 a 1; como mandante, venceu o rival Corinthians por 1 a 0 e o Grêmio, por 2 a 1. Os outros três jogos ficaram somente nos empates. Diante do Corinthians, 2 a 2, e do Grêmio, 1 a 1, ambos fora de casa. Enfrentando o Internacional em casa, o placar não saiu do zero.
Já no segundo semestre daquele ano, o Palmeiras conquistou a taça Brasil, cruzando com o Grêmio na semifinal e enfrentando o Náutico na final. O palco da primeira partida da decisão foi a Ilha do Retiro, onde a vitória foi do Alviverde em um placar de 3 a 1. O jogo de volta não foi como esperado: uma derrota do Palmeiras por 2 a 1 obrigou as equipes finalistas a disputarem uma partida de desempate, que aconteceu no Maracanã. Em uma vitória por 2 a 0, o Palmeiras conquistou seu segundo título nacional em apenas um ano.

A segunda geração

Com o passar do tempo, os jogadores envelheceram e o Palmeiras precisou renovar as peças do elenco nos anos 70 para garantir novos títulos históricos, principalmente o bi do mais novo Campeonato Brasileiro, em 1972 e 1973, com a segunda Academia de Futebol. Porém, a Academia teve sua segunda geração graças a primeira e as façanhas dos jogadores sensacionais que garantiram ao Palmeiras memoráveis glórias em tempos do grandioso Santos.
Mas o próprio clube praiano mostrava-se receoso e temia quando tinha que entrar em campo para enfrentar aquele time de verde que contava com grandes jogadores que não jogavam, mas sim davam uma aula do que é futebol a cada partida que executavam, fazendo com que os jogos do Palmeiras não fossem apenas meras partidas, mas sim grandes espetáculos onde os próprios eram os protagonistas do futebol arte.

______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça seu comentário!

 
Copyright © 2013 Palmeirismo
Design by Lucas Marques